sábado, 21 de abril de 2012

Insegurança

No começo era só a insegurança e quando me dei conta, a ansiedade já reinava. Ali estava, sentada abaixo do chuveiro, puxando levemente os cabelos já curtos e observando as mãos como quem estivesse procurando a queda.
- Será que eles já estão caindo? Perguntava-me a cada vez em que repetia esses movimentos.
Lembrei da paciência, sorri de leve. Lembrei das vezes em que chegava atrasada para alguma coisa e por causa da pressa, tropeçava em meus próprios pés. Ri prazerosamente. Coloquei as mãos novamente na cabeça e entendendo a minha falta de paciência, sorri para dentro.
Para nós, o mundo nos atropela. Queremos ter as cartas certas para todos os jogos, nos prevenir de todas as formas a todos os “ataques inesperados”... E é exatamente nessa hora que você percebe que o tal atropelamento da vida não vem de fora: ele vem dai de dentro de você. Dentro dessa cabeça pensamente que sistematicamente arranja desculpas e culpados para tudo.
Quando perguntaram uma vez –logo no inicio do tratamento- como me sentia a respeito de toda essa fase, não hesitei em responder: atropelada.
No meu caso, culpar a vida não valeria de nada. Antes mesmo do meu diagnostico já estava completamente perdida dentro dela. Julgar-me atropelada na verdade era um ponto de fuga.
Como prometi algumas mudanças de personalidade, voltei à pessoa que havia me perguntado sobre como me sentia e me retratei, graças a nova definição encontrada em minha mente. Havia lembrado das flores no outono. Sorri mais uma vez e respondi: Estou aflorando.

3 comentários:

  1. lindo evelin,é isso aí menina, estar aflorando. quer definição melhor para depois de tanta batalha? a vida só vale a pena se for um constante afloramento,seja pós momentos que de tão duros nos fAZ renascer, seja pela vida que de tão bela devemos a cada manhã aflorarmos para vivê-la intensa e dignamente cada minuto proporcionado por Deus.bjs.

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  2. Muito inspirador seu blog, li todo e vou acompanhá-lo!
    Acho que todos precisamos mesmo de algo para nos despertar. É difícil criar uma distância de tudo para olhar as coisas sob perspectiva sem que nada tenha acontecido para nos virar do avesso.
    Estou gostando de acompanhar essa sua reviravolta que, por sorte, veio cedo! Assim, quando passar, terá muito mais tempo para desfrutar o aprendizado dessa fase.
    Espero que continue o blog mesmo depois de completamente curada, porque vou querer continuar acompanhando-o!
    Um beijo (:

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  3. Só tenho uma coisa pra dizer...é exatamente isso mesmoooooo!

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