sexta-feira, 6 de abril de 2012

Os Átomos, o feeling e o espelho.

Átomos. Somos constituídos por eles.
Átomos, moléculas, células, tecidos, órgãos e por fim, sistemas ou organismos. Se fecharmos os olhos e pararmos para imaginar a constituição desse todo, com toda certeza do mundo parecerá complexo. Diante de toda essa complexidade, o Dono da fábrica ainda pensou em cada detalhe. Poderíamos ser todos de uma mesma fôrma e mesmo assim, somos -quase- diferentes... Começando fisicamente, através das nossas cores, formatos e impressões digitais. Depois, de forma mais complexa, nosso cérebro fica responsável por todas as nossas diferenças mentais, o que para mim, nos dá o direito de escolhemos caminhos diferentes nesse grande rio da vida. Mas onde quero chegar mesmo foi em um pequeno detalhe já deixado nesse texto. Escrevi ali um pouco acima, que somos quase diferentes. Quase. Bateu na trave. Temos um item de série um tanto quanto comum. O tal do “feeling” –  em alguns um pouco aguçado, em outros nem tanto...mas em todos - ou sentir. Dizem que nas mães ele é mais certeiro... A tal da historia de levar o casaco e o guarda chuva para a rua em pleno dia ensolarado.
Dois dias antes de saber o meu diagnostico, estava em Brasília para o aniversário de um grande amigo da família. Se pudesse usar da minha máxima capacidade de escrever –  que já é um pouco limitada, por sinal - não conseguiria descrever a felicidade e a beleza de todas as coisas que vi e senti quando estava por lá. Mas toda festa tem um penetra, não é mesmo? Na festa da minha vida, aquele dia, foi o tal do feeling.
 O resultado da primeira cirurgia – antes da mastectomia – foi a perda de um quadrante da minha mama. Aquela cirurgia já estava para completar um mês, e eu, após o longo período em que fiquei embaixo do chuveiro, resolvi parar para “admirar” o resultado de frente ao espelho do banheiro do hotel. E, se pudesse lhes confiar um segredo: foi a primeira vez.
Perdi a noção da vida, dos pensamentos... do tempo. Não sei lhes dizer por quanto tempo fiquei de frente aquele espelho.
Ali, sozinha, encarando os meus próprios olhos, o feeling adentrou o grande salão da minha mente e anunciou que aquela seria a ultima vez em que observaria a natureza dos meus seios.
E dois dias depois, sentada ao lado de meu pai e de frente ao médico, o tal do feeling, já instalado, pacientemente se apresentou como proprietário da minha nova casa.
 Essa foto foi tirada lá em Brasilia, durante a festa. A esqueda, minha querida cunhada, Kátia.

3 comentários:

  1. querida evelin, esse feeling, que às vezes pode ser uma simples intuição, e outras Jesus falando ao nosso coração, já me levou várias vezes à mesa de cirurgia e uma delas ha dez anos quando operei um nódulo no seio direito e que o meu feeling, que acredito ser meus anjos,me mandavam tirar a mama. o médico não quis, disse que seria esdrúxulo, lembro que foi essa palavra que usou,e agora em 18\12\2012, nesse mesmo seio e lugar da 1ª cirurgia foi diagnosticado um tumor maligno,positivo para her2. Será que ter feito a mastectomia na época teria sido mais esdrúxulo do que estar hoje com câncer.
    mas ainda continuo pedindo a mastectomia e ainda nao acharam necessário.bjs

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  2. Re Bressan08 abril, 2012

    Evelin,

    Parabéns pela iniciativa! Tenho certeza que irá inspirar muitas pessoas como inspirou a mim!

    bjs

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  3. Vc tem o dom da escrita, já te disseram isso?!!
    pude sentir na pele a emoção de cada palavra.
    To doida pra ler todos os posts!
    beijos
    Ri

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